• Regulamentação de criptografia

O livro de regras da criptografia: MiCA e o futuro dos ativos digitais na UE

  • Felix Rose-Collins
  • 4 min read

Introdução

Durante anos, a posição da União Europeia em relação aos ativos digitais consistia numa manta de retalhos fragmentada de leis nacionais contra a lavagem de dinheiro (AML) e interpretações regulatórias variadas. Isso criou um ambiente complexo e de alto risco tanto para os inovadores quanto para os consumidores. Em resposta, a UE promulgou o Regulamento dos Mercados de Criptoativos (MiCA), uma legislação histórica que visa estabelecer o primeiro quadro jurídico abrangente e unificado do mundo para o setor de criptomoedas. Com disposições fundamentais para os emissores de stablecoins e os Prestadores de Serviços de Criptoativos (CASPs) a tornarem-se plenamente aplicáveis até ao final de 2024, o regulamento visa trazer uma segurança jurídica sem precedentes.

Para as principais plataformas de cripto, incluindo aquelas integradas em ambientes de jogos e negociação estabelecidos, como o cassino Vulkanbet, o MiCA representa uma mudança fundamental: a eliminação de zonas cinzentas regulatórias em favor de uma licença padronizada e transferível. A questão central que o setor enfrenta agora é se essa clareza regulatória acabará servindo como um atrativo— atraindo gigantes globais em busca de uma base segura — ou provocará um êxodo— forçando startups menores e com menos capitalização a sair do mercado devido aos rigorosos custos de conformidade.

📜 O mandato: uniformidade e proteção ao investidor

O objetivo principal da MiCA é criar um conjunto único de regras para toda a região da UE/EEE, substituindo os registros nacionais fragmentados anteriores de Prestadores de Serviços de Ativos Virtuais (VASP).** Esta revisão regulatória visa três áreas principais:**

  1. Proteção ao consumidor. Implementação de governança rigorosa, requisitos de divulgação e regras de conduta (por exemplo, agir no melhor interesse do cliente) para proteger os investidores contra fraudes e abusos de mercado.
  2. Estabilidade financeira. Impor requisitos rigorosos de reserva, auditoria e capital aos emissores de stablecoins (tokens referenciados a ativos e tokens de moeda eletrônica) para mitigar riscos sistêmicos.
  3. Segurança jurídica. Fornecer uma definição clara e padronizada de criptoativos (excluindo aqueles já cobertos pela legislação financeira existente, como a MiFID II) e os serviços relacionados a eles.

A regulamentação se aplica a qualquer empresa que ofereça serviços de criptomoedas dentro da União, independentemente da localização geográfica da empresa. Esse alcance territorial significa que as empresas não pertencentes à UE que atendem clientes da UE devem cumprir o novo regime, pondo fim à arbitragem regulatória que definiu o setor durante anos.

🔑 O poder de passaporte: atração para gigantes globais

A característica mais atraente da MiCA para grandes empresas estabelecidas é o direito de “passaporte ”. Semelhante às licenças bancárias ou de empresas de investimento tradicionais, uma vez que um CASP (Provedor de Serviços de Criptomoedas, por exemplo, uma bolsa, custodiante ou corretora) é autorizado pela Autoridade Nacional Competente (NCA) de um Estado-Membro da UE, essa autorização é válida em todos os 27 Estados-Membros da UE. Essa abordagem unificada oferece vantagens atraentes:

  • Escalabilidade. Uma empresa pode expandir toda a sua operação em um mercado de mais de 450 milhões de consumidores sem a necessidade de 27 pedidos de licenciamento separados, caros e demorados.
  • Custo operacional reduzido. Elimina a necessidade de manter diferentes equipes de conformidade e estruturas jurídicas para cumprir leis nacionais conflitantes.
  • Confiança e legitimidade. A autorização MiCA funciona como um selo de aprovação reconhecido globalmente, sinalizando altos padrões operacionais e regulatórios, o que é altamente atraente para investidores institucionais e bancos que antes poderiam hesitar em se envolver com o setor de criptomoedas.

Para as grandes entidades globais, o investimento inicial na conformidade com a MiCA é visto como um custo necessário e de alto valor para desbloquear todo o mercado europeu sob um guarda-chuva regulatório unificado e estável.

📉 Custo de conformidade: o êxodo das pequenas startups (H3)

Embora a MiCA crie certeza, ela também introduz requisitos rigorosos que refletem os da finança tradicional (TradFi), impondo altas barreiras à entrada que afetam desproporcionalmente as empresas menores e as startups. Os principais obstáculos operacionais e de custo incluem:

  • Requisitos de capital. Os CASPs devem manter um capital inicial mínimo (de € 50.000 a € 150.000, dependendo do serviço), além de requisitos adicionais de liquidez. Para uma startup em fase inicial, isso é proibitivo.
  • Governança e TI. Os requisitos obrigatórios para estruturas de governança robustas, segregação de ativos de clientes, estruturas detalhadas de gestão de risco e sistemas de TI resilientes exigem investimentos significativos e contínuos.
  • Carga administrativa. O processo de candidatura é demorado e exige a apresentação de extensa documentação, planos de negócios detalhados e comprovação de gestão adequada — uma tarefa que exige conhecimentos especializados e caros em matéria jurídica e de conformidade.

Esses encargos já estão levando à consolidação, com as empresas menores enfrentando a escolha de serem adquiridas por players maiores que podem arcar com os gastos de conformidade ou se mudarem para jurisdições fora da UE com abordagens regulatórias mais flexíveis e focadas na inovação.

💡 O teste do equilíbrio: promover a segurança e a inovação

A MiCA é uma aposta calculada da UE: sacrificar a inovação rápida, muitas vezes caótica, de um mercado amplamente não regulamentado em troca de estabilidade, confiança do consumidor e adoção institucional. A regulamentação inevitavelmente remodelará o cenário, resultando em menos participantes, porém maiores e mais estáveis, na UE. Para o setor, o sucesso da MiCA será medido por sua capacidade de promover a inovação responsável, mantendo seus rigorosos mandatos de segurança. Para os consumidores, isso significa maior proteção, mas possivelmente menos provedores de serviços disponíveis no curto prazo. Você está preparado para navegar em um futuro onde o acesso à criptografia é regido por conformidade de nível financeiro?

Felix Rose-Collins

Felix Rose-Collins

Ranktracker's CEO/CMO & Co-founder

Felix Rose-Collins is the Co-founder and CEO/CMO of Ranktracker. With over 15 years of SEO experience, he has single-handedly scaled the Ranktracker site to over 500,000 monthly visits, with 390,000 of these stemming from organic searches each month.

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